sexta-feira, 5 de agosto de 2011

a última infância



Hoje pedi minha transferência da escola. Grande passo. Estou decidida mesmo, quero porque quero trocar o ambiente e a rotina, não há quem me faça regredir na ideia.
Provavelmente eu não consiga assistir aula na segunda, pois dei bobeira e não consegui me matricular hoje, mas acredito que na terça já estarei num novo sistema - e muito contente pelo passo avançado.
Mas deixemos isso de lado. Sabe que hoje eu presenciei uma cena muito bizarra!
Eu estava na sala de informática com minhas duas colegas Barbara e Camila, e um menininho de aproximadamente uns 8,9 anos chegou no "tio" da sala e reclamou:"Tio, me ajuda. Não tô conseguindo abrir meu e-mail". Eu: "... =O". Isso é, definitivamente, muito estranho. Um pequeno menino já tem um e-mail! Como assim?! Alguém pode me explicar isso?
Eu tô parecendo meus tataravós abismados com a modernidade, mas é que eu estou acompanhando uma nova era e não teria como não ficar assustada. Na idade dele eu ainda tava solta nas ruas curtindo o que havia de melhor: tentando atrofiar o dedão do pé de tanto mete-lo no asfalto!
É uma grande pena ver crianças crescendo desta forma tão ... desumana. Eu acredito muito no poder que a infância tem sobre o futuro, sobre a formação de uma pessoa e não acho correto começar a vida trancafiado e dependente de máquinas, mas é uma das unicas opções que restam a um pequeno Ser que vive numa cidade tão grande e recheada de violência como é São Paulo. Alias, não apenas São Paulo ... hoje em dia tudo que é lugar tá perigoso. Violência no transito, drogas, maus elementos pra tudo que é lado. Tudo agrega pra desencaminhar seu filhinho, mas não deixa de ser uma lástima esta realidade. Por essas e por outras que eu agradeço muitas vezes pela divertida infância que tive, pois sei que fui uma exceção à regra. Conheço muitas pessoas da minha idade que já cresceram limitados à casa e que ficam desacreditados quando escutam minhas histórias de meninice. A última infância já se foi há algum tempo.

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