domingo, 15 de maio de 2016

segunda-feira, 9 de maio de 2016

resumo paradigma psiquiátrico


"a identidade entre loucura e doença mental, que a principio pode nos parecer tão natural é, na verdade, uma construção muito recente na história do pensamento ocidental. autores como Michel Foucault e Robert Castel nos mostram que até o início da Modernidade os loucos nao eram considerados doentes, nem faziam parte das preocupações do pensamento médico.

o problema representado pela loucura pode ser inicialmente localizado no contexto de uma grave crise social presente na Europa nos seculos XVII e XVIII e identificado como o problema da desocupação de uma grande população que, expulsa da terra, passou a se condensar nas cidades.

para responder a esse problema social muitos estados europeus adotaram como medida o confinamento em instituições semijuridicas, cuja proposta era a de subordinar a população confinada a uma ética do trabalho vista como capaz de combater a pobreza e a ociosidade. as casas de internamento recolhiam mendigos, deficientes, doentes, velhos, crianças ou seja, uma gama muito grande de populações, entre elas os loucos, e não estavam orientadas por uma logica médica, logo, não visava a cura de loucos, doentes ou deficientes, apenas sua reclusão e subordinação ao trabalho.

em meados do século XVIII, no processo de revolução industrial, esse tipo de internamento foi avaliado como erro economico e as instituições esvaziadas, pois a população passou a ter valor num mercado de trabalho em constituição. o pensamento economico inaugurado nesse período considerava os pobres essenciais para a produção da riqueza de uma nação, desde que livres no mercado de compra e venda de força de trabalho.

foi no processo de fechamento dessas instituições que algumas populações, tais como os loucos e os doentes, passaram a demandar medidas de outros tipos. nesse contexto, identificamos a organização do hospital moderno e do asilo especialmente destinado ao internamento dos loucos, com estruturas e proposições distintas.

é importante assinar que a definição sobre a necessidade do confinamento dos loucos esteve relacionada a um tipo específico de sensibilidade social e foi justificada pela suposta periculosidade daqueles vistos como loucos e sua evidente incapacidade para o trabalho. esses elementos, a necessidade de internação e o perigo representado pelo louco, são anteriores à configuração da psiquiatria como área de especialidade médica e já estavam presentes no contexto social em que esta disciplina emergiu.

Castel, ao estudar o nascimento da psiquiatria na França, considera que ela e o asilamento psiquiátrico tornaram-se possíveis no ambito de uma nova partilha do poder de governar os marginalizados na sociedade moderna, para a qual a repressão da loucura ainda é assumida como necessária, mas que não pode ser realizada pelo poder judiciário, pois suas manifestações não se configuram como violão do contrato social.

a intervenção sobre o louco não se opera mediante uma ação juridico-policial direta, porém, sua gestão se dá baseada em critérios técnico-científicos que estabelecem uma nova relação social com o louco, a relação de tutela. essa relação indica a impossibilidade de o individuo assumir o contrato, ou seja, ser capaz de participar de uma sociedade regida por leis e assujeitar-se de seus deveres de cidadão para poder ter respeitados seus direitos. 

(...)

>> as proposições do tratamento moral como primeira modalidade de intervenção terapeutica 

(...)
amplamente conhecidas, tanto na literatura que trata da historia da psiquiatria quanto na que trata da historia da terapia ocupacional, são as trajetorias de Pinel, na França, e de Tuke, na Inglaterra (...) suas estratégias são herdeiras, como ja apontamos, de uma demanda social que exigia a exclusão dos loucos que incomodavam o bom funcionamento social, ao mesmo tempo que desenvolvem um saber que passa a justificar a medida de internação como necessaria ao tratamento da doença mental. em seu momento inicial a psiquiatria ainda nao estava ancorada no modelo clinico (anatomo-patologico), característico da medicina moderna, e sim numa concepção social sobre a doença mental e suas causas.

em linhas gerais, o doente mental era visto como alguem que não suportou a pressão ou as influencias de seu meio social. para os primeiros alienistas, a doença mental estava relacionada à vida nas cidades e seu excesso de estímulos, e aos efeitos danosos atribuídos ao nascente mundo industrial; assim, seria necessário o isolamento do doente em um meio que pudesse faze-lo retornar a uma vida mais "natural".

essa visão social do problema também determinou que a terapeutica empreendida visasse à recondução do doente a um papel socialmente aceito, que no caso da sociedade industrial nascente implicava o desenvolvimento de estrategias que pudessem reconduzir o doente ao desempenho do papel do trabalhador, daí a centralidade adquirida pelo trabalho no interior da prática asilar.

esse primeiro modelo ainda está presente nas praticas asilares, tendo sido por seu intermedio que a terapia ocupacional constriu seu primeiro modelo de intervenção, durante o chamado processo de reemergencia do tratamento moral, ocorrido em torno da déc. 20. (...) houve por parte da psiquiatria a retomada do tratamento moral, esquecidos ao longo do desenvolvimento da disciplina psiquiátrica que, ao adotar o modelo clínico centrado na localização cerebral das doenças mentais, assumiu uma posição pessimista sobre as possibilidades de tratamento e curas dessas doenças.

<< a crise da instituição psiquiátrica >>

(...)
as instituições psiquiátricas só passaram a ser alvo de crítica mais efetiva no período que sucedeu as duas grandes guerras mundiais. nesse contexto, foram questionadas por sua baixa eficacia terapeutica e pelo seu alto custo, seus efeitos de violencia e exclusão social, tendo sido, em muitos países, comparadas aos campos de concentração.
o cenário pós-guerra revelou também a necessidade de reparação dos efeitos devastadores da guerra e redefiniu o papel do Estado no asseguramento de direitos antes não reconhecidos. nesse contexto, a saúde foi assumida como direito e foram propostas reformulações na oferta assitencial ao doente mental.

(...)"



Terapia Ocupacional em Saúde Mental: tendências principais e desafios contemporâneos (Elisabete Mângia e Fernanda Nicácio)




quarta-feira, 4 de maio de 2016

pequenices da vida


quando ocê caiu na graça das nuve, o chão de cá se arrumou .. 
cores, sons, vento, oiares tão cheios .. comé que a gente vai falar de dor?

agora ficaqui .. oiando num pouso bão as suculentas pequenices da vida que ficam fazendo de piquenique o coração .. penduro o zói em agradecimento e vejo ocê rabiscar aí do céu as mió lição do mundo .. crescendo nimim a certeza de que a vida é como alguém que mora dendagente.

me diga se a dor num perde inté as propriedade??

zuba


estudando ..



"O conceito de vulnerabilidade (psicológica, orgânica e social) é muito útil e deve ser valorizado na discussão. A equipe deve tentar captar como o sujeito singular se produz diante de forças como as doenças, os desejos e os interesses, assim como também o trabalho, a cultura, a família e a rede social. Ou seja, tentar entender o que o sujeito faz de tudo que fizeram dele, procurando não só os problemas, mas as potencialidades."

HumanizaSUS - Clínica Ampliada e Compartilhada