sexta-feira, 2 de novembro de 2012

tropicália


"Quando Pero Vaz Caminha descobriu que as terras brasileiras eram férteis e verdejantes, escreveu uma carta ao rei: 'Tudo que nela se planta, tudo cresce e floresce.' E o Gauss da época gravou.

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento no planalto central do país

Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva a Maria, ia ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva a Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração 
Balança um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhoras
Eles põe os olhos grandes
Sobre mim

Vira Iracema, ma, ma
Vira Ipanema, ma, ma, ma, ma
Vira Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino da bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém

O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem

Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da"




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