quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

+ uma luta



"A ABRATO repudia a nomeação do novo Coordenador Nacional de Saúde Mental

A Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais – ABRATO, vem publicamente posicionar-se contrária a nomeação do psiquiatra Valencius Wurch Duarte Filho, publicada em Diário Oficial da União, em 11/12/2015, para assumir a Coordenação Nacional de Saúde Mental. Este posicionamento baseia-se na trajetória profissional do senhor Valencius que está marcada pela defesa do modelo hospitalocêntrico, organicista, pautado em práticas contrárias ao preconizado pela Politica Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, do Ministério da Saúde.
Foi diretor técnico da Casa de Saúde Dr. Eiras de Paracambi, hospital psiquiátrico – RJ, fechado em 2012 após a constatação de violações de direitos humanos, como a prática sistemática da eletroconvulsoterapia (choque elétrico), presença de usuários com ausência de roupas, alimentação insuficiente e de má qualidade e número significativo de pessoas em internação de longa permanência.
Enquanto Terapeutas Ocupacionais pautamos nossa práxis no modelo do Desempenho Ocupacional que visa o estímulo ao empoderamento, autonomia e cidadania dos indivíduos. A atividade humana constitui-se em nossa ferramenta de trabalho e, ela tanto pode ser transformadora, com ação direta na promoção do protagonismo social, respeitando a singularidade de cada individuo, como segregadora e alienante, onde o sujeito perde sua autonomia e capacidade posicionar-se frente as ações de seu cotidiano. A história mostra que pessoas tiveram seu protagonismo “arrancado” nos porões da loucura nos diversos hospitais psiquiátricos e a Reforma Psiquiátrica teve e tem um papel fundamental no resgate da dignidade e humanidade desses sujeitos e desses coletivos.

Neste contexto, a ABRATO junta-se aos demais profissionais de saúde, trabalhadores do SUS, movimentos sociais e aos mais diversos coletivos que estão protestando e posicionando-se contrários a indicação do Sr. Valencius Wurch Duarte Filho. 
E, em Defesa da Democracia, do estado de Direito e da Reforma Psiquiátrica, vem publicamente apelar para o Ministro da Saúde que não incorra no erro crasso de manter um Coordenador de Saúde Mental que para além de não agregar representa um retrocesso na luta por uma Sociedade sem Manicômios."


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