domingo, 21 de abril de 2013

a cidade e as serras




"Alegria. Como a haverá na cidade para esses milhões de seres que tumultuam na arquejante ocupação de desejar - e que, nunca fartando o desejo, incessantemente padecem de desilusão, desesperança ou derrota? Os sentimentos mais genuinamente humanos logo na cidade se desumanizam. Vê, meu Jacinto! 
(...)
Mas o que a cidade mais deteriora no homem é a inteligencia, porque ou lha arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância.
Nesta densa e pairante camadas de Ideias e Fórmulas que constitui a atmosfera mental das Cidades, o homem que a respira, nela envolto, só pensa todos os pensamentos já pensados, só exprimi todas as ideias já exprimidas: - ou então, para se destacar na pardacenta e chata Rotina e trepar ao frágil andaime da gloríola, inventa num gemente esforço, inchando o crânio, uma novidade disforme que espante e detenha e multidão como um monstrengo numa feira. Todos, intelectualmente, são carneiros, trilhando o mesmo trilho, balando o mesmo balido 
(...)"



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