terça-feira, 12 de julho de 2016

oi!! estamos em julho


usa e abusa do céu, "emana boas energias", entende de tudo que é estrela, namastê de zero a dez, manja de árvore, gaio, faz da lua o coração, mas naguenta qualquer relação vivida na diferença. num posso achar isso bonito ..

<< conhecimento e vivência alternativa para todos. sossego para todos. espaços de reflexão para todos >>
paz circulando só entre quem é de paz, pra mim é redundância. num deslegitimo, mas desconfio e é muito. os zói inté estópa.

a quem serve a sua paz?
aprendemos muito sobre isso todos os dias. 
falemos menos, sejamos mais. 
a sua tão sagrada evolução está em relação. é preciso ser junto. tamo falando de base.

bjim!

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Por Rafael Lage:

"nos últimos tempos moro e demoro nas montanhas. um pequeno povoado, 2 mil pessoas.

Aqui é lindo, agua e verde pra todo lado. Alimentos orgânicos, uma escola comunitária pro meu filho, convivo com gente do mundo inteiro, um entra e sai de culturas que não me deixa estagnar.

Vivo da minha arte, sem intermediários, sem cena que me sustente, enfim, acho q vivo o sonho de metade da minha timeline.

Eu poderia sim, fazer de conta que o mundo é isto. Eu poderia inventar mil narrativas pra mim mesmo, me convencendo dia a dia que cada um cria sua realidade e se vivo isso, é pq mereço ou pq fui um escolhido por algum plano astral.

Mas não, eu sei q não é isso. Mesmo com toda inteligência e criatividade, não sou hábil o suficiente para enganar a mim mesmo.

É que a branquitude da classe média alternativa (a qual pertenço) não me deixa esquecer, que o que há aqui é um recorte de classe, privilegiada pelo acesso que teve aos bens culturais e de consumo.

Dia desses resolvi contar e descobri que tenho uma amiga negra e 3 pardos aqui no Vale do Capão. O resto é branco.

Fiquei pensando, moro na bahia, onde estão as outras pessoas negras, pardas ou brancos periféricos?

A resposta é simples, estão sendo assassinados pelo estado policial ou se ainda vivos, lutam para não viver na miséria.

As vezes me pego sentado em uma calçada aqui na vila e fico imaginando os fantasmas, tantos quantos poderiam ser meus amigos e amigas, que poderiam estar usufruindo de tudo isso. Imagino seus espectros se banhando na cachoeira, mas é tudo ilusão, eles estão sangrando em alguma calçada periférica da babilônia.

É fato, não é nenhum romance astral. Por isso, namastê é o caralho queridxs.

Permaneço um pouco mais, é hora de dar a meu filho a presença que neguei pelos anos de ativismo.

Mas bem sei que o belo jardim que vivo é paralelo ao cemitério dos excluídos e cedo ou tarde tenho de abrir mão do paraíso seletivo que vivo para encarar/trabalhar a difícil tarefa de transformar a realidade que todos vivemos.

Paulo Freire dizia que ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, só nos libertaremos em comunhão.

Eu me envergonho de ter paz e na minha visão, se ela não for possível para todos, ela não deve existir para ninguém."

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