segunda-feira, 18 de março de 2013
"eu fico no Rio fazendo psicanálise"
" Pergunta: Caetano, quem são verdadeiramente os seus inimigos? Que que cê anda fazendo? Por que que você fala tanto em patrulha e fala também de rádio patrulha, no sentido estrito do termo? Você não acha que seria mais ético, mais profissional, inclusive, você se servir dos meios de comunicação de massa, que você se serve largamente, pra falar mal dos meios de comunicação de massa? Ao invés de encomendar um anuncio para a multinacional para qual você trabalha pagar como anuncio de 'Caetano Veloso'? Ou você acha que a imprensa, de acordo com o governo, é feita para elogiar e só isso?
Resposta: Não. Você é burro, cara? Que loucura .. Como você é burro. Que coisa absurda .. Isso aí que você disse é tudo burrice. Burrice!
Eu não consigo gravar muito bem o que você falou, porque você fala duma maneira muito burra!
Eu não falo tanto em patrulha, eu nunca falei muito em patrulha (...) Eu não acho que a imprensa seja só pra elogiar, de jeito nenhum. Jamais disso isso.
Se você pensa que pode deduzir das coisas que eu falo isso, você é mais burro do que parece quando fez a pergunta.
O que eu acho absurdo num é nada disso, minha posição é muito clara, muito nítida. Quer dizer, eu não quero que a imprensa seja só pra elogiar, não, e eu não me sirvo dos meios de comunicação de massa e falo mal deles, não. Gosto de televisão mais que de jornal (...) Mas jornal eu também acho .. é, legal, natural. Eu me sirvo da televisão gostando. Fui o primeiro artista no Brasil a fazer televisão sem fingir que era inimigo da televisão, quando Edu, Chico e Elis, todo mund... Elis, não! Tô sendo injusto aqui. Elis não. Elis fazia televisão de verdade. Mas eu digo dos compositores, dos chamados intelectuais. Porque a Elis foi vitima dum negócio de ser ao mesmo tempo um fenômeno de massa de televisão e uma cantora de alto nível cultural. Até hoje ela ainda não conseguiu resolver esse problema (...) Mas, agora, eu fui o primeiro compositor brasileiro a entrar na televisão dizendo assim: 'eu estou na televisão, gosto de televisão e acho o maior barato'.(...) Eu tenho noção do que eu faço, muito diferentemente de você e seus colegas que aceitam o emprego que não podem, que não têm competência para exercer. Vocês aceitam esse emprego apenas para ter um pouco de prestígio e ganhar algum dinheiro, porque você não poderia, jamais, escrever sobre musica popular sem conhecer "Boneca de Piche" e "Olha pro Céu, meu amor". Quer dizer, você escreveu uma crítica sobre o meu disco, 'pixando' versos que são citações minhas de grandes clássicos da musica brasileira, dizendo que eram MAUS VERSOS MEUS, quando os versos NEM SÃO MAUS, NEM SÃO MEUS. Você é um ignorante. Você é o sujeito que contribui para que as pessoas se enganem comprando a revista Veja, pensando que estão lendo uma coisa boa. Isso é um negócio absurdo! A minha posição é política. Eu não sou contra a imprensa, nem contra os meios de comunicação de massa. Não sei se sou, vocês fingem que são. Mas eu nem finjo. Nunca fingi. Eu sempre fui acusado de prestigiar os meios de comunicação de massa, de ser 'maquelorraneano' (?) e não sou. Não sou nada. Não sei o que sou. Ainda não tô decidido quanto a isso.
Vocês fingem que odeiam os meios de comunicação de massa, mas na verdade vocês vivem, respeitam o patrão otário que disse outro dia, botou bobagem, assinou embaixo e depois disse que não foi ele quem botou o título, que foi alguém lá que botou.
É esse nível!
(...)
É política. Não é contra os meios de comunicação de massa, não, 'minha filha' ... outras palavras!"
Entrevista completa: http://www.youtube.com/watch?v=P_eJM8LiqU0
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