quinta-feira, 22 de outubro de 2020

um bilete pa didi - marrum caso de RI

 "eu tava sentindo que hoje ia acontecer algo diferente, mas eu num sabia o que era. até achei que fosse mudar de quarto .."

relato dum cara que visitamos hoje, 4 anos morando num hospital simplesmente porque nenhuma política pública o entende como perfil ..

hoje tentamo fazer dum jeito diferente .. e ele agradeceu porque se sentiu um tiquim mais perto da rua através da gente ..

relatório é um dos trem que eu pego pa fazer em casa porque é um documento muito importante. parece bobage, mas umas palavras torta e cê pode contribuir pa que alguém fique mais 4 anos vivendo dento dum quarto branco, isolado.

num vô dizê que é descaso, mas tudo depende de como ocê chega. eu costumo dizer que se cê vai fazer um rolê achando que tá indo esquivar de problema que os oto quer mandar proce, ce ta na profissão errada. 

a rede precisa se oiar como parceira, nunca como inimiga .. 

no que nois consegue te ajudar hoje?

será que é nois memo?

e se num for, que que dá pa fazer?

e isso muda todas as próxima linha ..


zuba


terça-feira, 2 de junho de 2020

pandemia e atos antifascismo e antiracismo no brasil


manifestações contra o racismo e o fascismo cos virus bombando? vá, mas vá com jeito 🌻

no brasil a gente brinca cos dobrado ..

se a situação do vírus em cada lugarzim do mundo tem de ser contextualizado à realidade local, por aqui vira o específico do específico. isso porque além de grande, desigual e bruto, nois também têm um governo que num move uma paia pra lutar contra isso, pelo contrário ..

aqui é a dificuldade da dificuldade, é a tristeza da tristeza .. e vidas seguem sendo matadas não por vírus, mas por homens .. e em que hora da história nois vai poder escoiê pra se revoltar com isso?

a força dos corpos .. é sempre a força dos corpos.

nem só de epidemiologia vive a saúde do homi. compõe os processo de saúde e doença todas essas revolta que hoje os corpos gritam. não porque cruzaram os dia, mas porque é grande demais pá cabê dentro de qualquer metodologia ..

há outras pautas que não podem ser boicotadas pela pandemia, pautas que alem de ameaçarem determinadas vidas, tambem ameaçam a democracia. e agora cabe a nós estudarmos modos de juntar às mobilizações de um modo mais seguro e responsável.

a exposição da exposição? o medo do medo? o absurdo do absurdo? viver no brasil é memo assumir umas matemática que nunca têm fim ..

zuba


eu em 2014


doce existência que há de cumê o céu cos zoio e a vida cas mão 
não se esqueça dos pés que te enfiam nas via das contramão
que se faça o labirinto!!
e que se escafeda o certo
que eu quero mais é que tudo vá pros ...

boa semana proceis.

zuba


terça-feira, 19 de maio de 2020

mais um 18 de maio - luta antimanicomial


18 de maio ..
e foi com a luta antimanicomial que eu aprendi que dá pa fazê.

procure saber .. 
é minha inspiração memo não trampando hoje diretamente com saúde mental. isso porque a luta por uma sociedade sem manicômios é maior do que qualquer conversa sobre loucura, já que diz muito sobre essa lógica treze que dá pra enfiar tudo que é corpo desgostoso fora das visão. é esse o papo .. 

vô dar um exemplo.
tava lá no serviço hoje e uma das pessoas que acompanho colou nimim e falô nas real, usô ate dum português muito correto e tals, disse limpo, pá num deixar qualquer dúvida, que queria voltar pa sua antiga casa.

todo um esforço pa se fazer entendida, queria ter certeza que de hoje num passava, que num ia ter espaço pa dúvida. parecia que tinha ensaiado pa vir falar comigo .. 

lançou até um "possibilidade". trem cumprido, novidade na boca de quem fala ..

ô zuba ..

e falamo nas honestidade.
falei das dificuldades de retomar aquele espaço e das importância de botar isso pra fora. aos pouco, ela mema nomeou que as falta né nem a casa antiga, o role é rever sua famia, esse povo que tá tudo perdido pela cidade ..

acoiemo e pensamo em planos possíveis. 
trem que vírus nenhum breca.
depois, pediu pra pintar desenhos de praia, cachorros, gatos e sereias. nessa ordem memo que parece num fazer sentido nenhum.

e concluiu, pedindo desculpas por tá falando demais.

sempre pedindo desculpas ..

tudo o que faz ela existir, pra ela, inda bate como incomodo pos oto.
sintoma de muito trabai a ser feito porque já trabaiaram demais nos invisivo dela.

mai nincomoda não, muié .. nois adora memo é poder conversar cocê!

é pra botar pra girar ..
nois pra cima e os muro pra baixo, sempre!

é nois, tiurma .. boa semana

zuba


quinta-feira, 30 de abril de 2020

o dia que dona jo foi grossa pa dedeu


inté peço desculpas aos amigo, mas nas últimas semanas tô conversando pa caramba ..

é marruma das esquisitice do vírus. dono do tempo, tem bagunçado a gente numas vontade, e um dos sintoma que deu nimim foi justamente o de botá pa fora um monte de acontecido.

agora memo, veja oceis, tem um tanto de projeto suspenso num varal que cruza o mundo todo. daqui até ali, tem tudo que é tipo de gente pensando num amanhã que num chega nunca.

e é num cenário de reticência que vi o hoje saltá diante dos meu zói, e chegô foi com fortes exclamação.

a tarde vei com adrenalina. ela, a muié que num falava, além de tá fuxicano mai que a matraca véia, inda deu de sê grossa. é preciso dar um jeito nisso, ês dissero ..

eu ri uma risada boa. daquelas que nois costumava dá em março, quando juntava braço com braço e pé com pé em qualqué embaraço gostoso de corpo solto no mundo.

é de humano pa humano que as novidade da vida ganha bri no zói da gente ..

respondi no memo tom de euforia que, finalmente, a muié tava era aprendendo a conversar. no auge de seus 53 anos, além de falá, inda incomodava. um salto enorme em qualqué livro de autonomia.

num se assuste pouco pa tanto.
o presente num tá morto, ele só tá aconteceno duns jeito mei diferente ..

zuba

quarta-feira, 8 de abril de 2020

ação na craco + coronavirus


tava proseano com uma amiga agora a poco, lembrando os neurônio de comé que se encontra, e terminei brincando .. falando que o vírus ta fazendo nóis ficar inda mais esquisito.

tamarrumano umas esquisitice absurda, mai é importante lembrar que tem muito trem calculado atravessando nosso cotidiano .. nem tudo é novidade. a maldade do homi já tirô até cpf. tá mais instituída do que nunca ..

a ultima da vez foi a ideia de jerico do dória e do covas de em pleno surto do coronavírus seguir com o projeto de limpar a cracolândia, entuxando a turma da rua helvetia, socando geral num busão e numas kombi e dando o último golpe: fechando o único serviço de saúde disponível pra eles.

e é claro que isso num ia pa frente.
os cara tem mais nem a elegância de ser discreto.
fechô, mai vai abrir de novo. e se fechar, nois faz abrir de novo porque num é a caneta deles que tem que escoiê o local de cuidado. se a população que tá na rua encontrou algum significado naquele território é a partir dali que o cuidado se constrói. num tem espaço pa otra equação. e ponto, mai ranei .. chora no canto porque sei que o sono cê num perde.

e isso tudo num é culpa de vírus nenhum não. é o homi que opera na malineza.
enquanto ficamo trancafiado baixando aplicativo, eles seguem com o plano de extermínio da população em situação de rua .. num sei se aprenderam com o silvio santos, mai enquanto nois tá aqui entretido com dinheiro eles seguem com outros projetos. sempre dá pa tirar alguém do jogo.

a sorte é que inda encontra gente com rabo preso que num leva as coisa até as ultima consequência.
por isso o plano daqui pa frente tem que ser de acabá com a ideia de sorte. num tem que existir sorte nessa disputa.
depender de juiz bãozim umas hora dessa de 2020?
nois qué vê é a osadia do direito em ação ..

e seguimos pensando ..

zuba

quarta-feira, 18 de março de 2020

corona virus e residencia inclusiva


o coronguinha tá causando um rebuliço danado ..

na prática profissional, cenas que nem parecem ser do memo mundo da semana passada.

ontem no finzim da tarde, uma pequena reunião se formou em frente ao portão da residência inclusiva. três jovens com deficiência intelectual me param, querem dar rolê: namorar, colar numa festa e trocar ideia com os parça.

é o tal do trabaio dando certo.

mas aí vem o novo e surpreendente desafio. desta vez colocado não por pessoas, mas por um vírus: dar um jeito de explicar que tem um trem invisível que tá comeno o coro aí no ar e que, além de barrar os encosto, beijo e abraço (tão cotidianos), ainda limita os passo do pé, especialmente por morarem em casa compartilhada com outras pessoas que são também grupo de risco.

como fazer isso não parecer mais uma desculpa criada pra confinar e docilizar os seus corpos?

well, daí a missão e buscar dar algum sentido a isso que parece ter sentido nenhum até memo pa nois: ilustraçoes, filmes, séries, experimentos, rodas de conversa, olho no olho ..

e é muito importante fazer sentido. especialmente em contextos de cuidado a pessoas que historicamente foram restritas a instituições e a espaços domésticos. é fundamental que um cara que viveu 40 anos trancado e que só nos últimos meses começou a ter acesso ao seu direito à cidade, saiba que num tá sendo boicotado e que a vida é também isso que acontece nesses intervalos.

momento riquíssimo de construção e de resignificação dos cuidados possíveis ..

e, claro, seguimos. há muita coisa acontecendo pela cidade ..

zuba


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

trampo nosso de cada dia .. os absurdos do SUAS


eu acho é graça ..

é preciso memo estar atento e forte.

uma das partes mais legais de trampar no suas, o sistema único da assistência social, é que nois acaba acessando de camarote alguns posicionamentos de profissionais nesse setor que de algum modo reverberam nas discussões dentro de equipes do sus, o sistema único de saúde.
pra quem num sabe geralmente rola umas treta muito mal resolvida entre os serviços da assistência e da saúde. mai o que posso dizer é que de fato a assistência num tem ajudado muito, e confesso que nesse ponto gostaria de estar enganada.

hoje foi dia de passar uns nervoso, e num foi nem comigo.

numa discussão de caso duma jovem com uso abusivo de alcool e outras drogas que será acolhida no serviço que eu trampo, a fala ((exaltada)) de uma das supervisoras da assistência social é que não é papel nosso, da assistência, bancar práticas de redução de danos, devendo ser este um compromisso assumido unicamente pela saúde. salientando, ainda, que seria "paternalismo" pensar em estratégias para reduzir a exposição frente ao uso, que é um dado da realidade, e que nosso role deveria ser conscientizar a jovem sobre o tanto que nosso serviço é daora e como ela perderia indo usar umas droga lá na cracolândia.

fia, fia, fia.. eu conto ou oceis contam?

noutras palavras .. abstinência.
mais uma evasão, menos uma rede de suporte possível.

mas o ponto é: por quê?
há, sim, limites entre as políticas que orientam o suas e as que orientam o sus, e de fato devem haver, pois as políticas devem ser complementares. mas cuidado deve ser cuidado em qualquer norma técnica, não havendo distinção na conceituação.

o memo rolê do trabalho em rede, emancipação social, autonomia e garantia de direitos que aparece na política de saúde também aparece na da assistência.

e pra mim, uma política que limita práticas de cuidado é, na maió, um desserviço total.
é boicote, miragem, ilusão, ingenuidade. tudo aquilo que existe pa num fazer existir.

quem deve dar o tom ao serviço é o usuário, e nunca o contrário.

ainda pensando porque tem muita coisa pa pensar ..

zuba