quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
"não escureça, nem esquente a cabeça"
Eu estou feliz e na maioria das vezes tenho estado assim.
Hoje faz um ano que meu pai foi internado. Há um ano atrás eu não estava feliz, muito pelo contrário. Eu sabia, mesmo que todos negassem, que algo não estava indo bem. Quando finalmente me mandaram a real ... eu bem me lembro. Primeiro peguei o telefone, disquei para minha mãe e fui ao banheiro. A voz dela tava tão caladinha .. silêncio triste. Desliguei e fui pra minha cama chorar. Chorei, chorei, chorei, chorei, chorei e tentei dormir. Meus pés ficavam dançando na cama em movimentos rápidos e contínuos. Iam pra cima, iam pra baixo, pra cima, pra baixo.
Pra cima.
Pra baixo.
E dormi.
Foi naquela época, por mais contraditório que pareça, que conheci a verdadeira paz!
Não aquela que é simbolizada por aqueles tracinhos dentro de um círculo que insiste aparecer nos braços, colos, pernas e cadernos em rabiscos quase que automáticos da galera "descolada". Como se a paz fosse algo automático, esteticamente bonitinho, fofinho, meiguinho, apreciável e só isso!
A paz é gostosa e vai muito além disso. Se todos que me aparecessem com esse simbolo, de fato me apresentassem e sentissem a paz ... que delícia, que delícia, que delícia!
Mas não é bem assim.
E eu quero que vocês saibam que, realmente, não é bem assim.
Há menos de vinte dias atrás, na hora em que me deitei pra dormir, me veio uma coisa muito gostosa.
Eu comecei a rir, a sentir minhas pernas, meus braços, um monte de coisas boas dentro de mim .. pensamentos legais, inquietação gostosa. Naquela noite fui capaz de sentir a vida em um momento de plena e singular felicidade. Uma satisfação que não é corriqueira. Mais uma vez, fui alegre.
E eu venho vivendo assim, desde aquele "janeirinho grande" do ano passado. Conhecendo um pouquinho mais de mim e me surpreendendo com a quantidade de sentimentos bonitos que podem invadir as nossas vidas a qualquer momento, a qualquer hora do dia.
Por isso parei de reclamar da vida, dos erros e comecei a rir dos "desesperos".
Porque meu pai está agora aqui no sofá ao lado tocando seu bandolim todo do avesso!
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Quando o Céu estiver preto e das nuvens até às sombras assombram
É só um reflexo do que está acontecendo
Só está faltando fósforo, me dê aí!
Não esqueça que nesse momento
O vento sacode as árvores
E o clima que fica e o ar agitado
Dizendo tudo o que pode acontecer
Não escureça, nem esquente a cabeça
Eu sei que você tem argumentos de querer
O Sol pra pegar sua praia
Pra bater sua bola
E a Lua pra ver sua mina
Ou só pra ir ali na esquina
Sem rima, sem rima.
Faça como eu que vou como estou
Porque só o que pode acontecer
É os pingo da chuva me molhar
É os pingo da chuva me molhar.
(Novos Baianos)
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