ontem participei de um curso muito interessante .. voltado pra discussão do abolicionismo penal.
eu nunca tinha parado pra pensar a fundo nisso. assim como a maioria das pessoas, eu sempre interrompo meu pensamento em: "e se nao for assim, é como?"
e aí foi daora ir adicionando camadas a essa discussão que diz mais sobre nóis do que gostaríamos.
por vezes, imaginando cenários, foi mais facil projetar uma invasão alienígena, mutações genéticas, do que necessariamente admitindo qualquer mudança no humano. convocar a gente pra ser gente é um trem que parece tá dificil demais .. "mais fácil o mundo acabar do que o capitalismo".
e aí, trocando, vamos lembrando que o mundo sendo mundo, nem sempre foi assim.
prisões não existem desde sempre .. antes, outras lógicas conduziam o mundo. e pq agora nao conseguimos nos ver sem isso? é muito doido.
e aí vou pensando em mim e nas lutas que vou topando, porque tem tudo a ver.
eu há mais de um ano tenho lutado muito ativamente pelo SUS em SP, e digo pra vcs .. nao é simples, não é facil. tive perdas .. e sinceramente, não vejo um bom prognóstico. no entanto, sem essa luta teríamos menos certezas ainda. então a resistencia é um aspecto importante nesse processo, ainda que não aponte para caminhos e descobramentos muito concretos.
mas assim .. sinto uma enorme desperança no coletivo.
no micro, no individual, me afeto .. me renovo, me fortaleço .. mas no coletivo? num sei mais onde isso mora. é mesmo cada um por si.
o "vício pela liberdade" .. quando um direito básico vira compulsão justamente porque determinadas populações não conseguem viver essa autonomia. quando a vida, esse trem gigante, fica reduzida dependendo da mão que pega.
enfim .. me sinto forte, feliz por estar na luta, mas ao mesmo tempo profundamente desesperançosa no coletivo.
um vírus .. pense. um vírus! nois ficou mó cota sem poder nem abraçar as pessoas, sair de casa .. podendo ser o hospedeiro da morte de pessoas que amamos .. tudo nos invisivel, na sombra do acaso .. e nem isso mexeu com nois. então assim .. hehe. pra que vou ficar me iludindo?
mas dados de realidade ainda não sao suficientes pra me paralisar nas lutas que acredito. eu seria incapaz de ouvir e testemunhar tanta paiaçada quieta. num consigo .. e é aquele trem .. é junto dos bão que nois fica mió. a luta pelo direito à saúde dá ainda mais sentido à minha vida.
e nesses acaso de luta, na quinta passada, em um ato, sem querer trombei com quinquim. quinquim foi um caso que num foi pra frente pq nao era memo pra ir, mas em uma de nossas ultimas prosa, num gostei do jeito que ele ficou analisando meus jeito de ta no mundo .. e desta vez consegui rebater.
sentamo pra conversar e travei uma luta um pouco mais desimportante: informá-lo que num é pq num somo igual que num tenho o direito de ser diferente. dessa vez, ele entendeu, e firmamo acordo em amizade.
no mais, tenho me sentido pessima .. tenho sido grossa com pessoas que nao merecem e disse em voz alta, e pra outras pessoas, coisas horriveis sobre alguem que nao merecia. foi sem querer .. e agora nem consigo oiar na cara dela. me sinto repugnante.
sinal que tenho que calar minha boca hehehe .. hora de ouvir mais e falar menos.
e vamos lá!