quarta-feira, 2 de outubro de 2024

pode mandar embrulhar ..

tenho andado mei braba

tentano descobrir

em como que volta

a acreditar


e então

cos pensamento

preso nessa conversa 

rumei jeito de sair de casa

pa trabaiar ..

 

eu tava co rosto

todo atrapaiado

quando uma senhora

me parô na porta do metrô

 

achei que tava perdida

mai no fundo

foi ela quem me encontrô

 

sorrino nos natural do dente

pediu com gentileza

pa bater uma foto

dela em frente ao canteiro

todim colorido de flô ..

 

“é pra mandar pra minha neta

 hoje é dia do idoso”

ela solta

justificano o favô

 

eu rio

suspendo tudo

e me aprofundo na ideia

de querer parar o mundo ..

 

me emposturo em ângulo

caçando o mió jeito

de guardar pa sempre

as confiança daquele registro

 

e sigo meu rumo

achano bão

em como na vida

a gente fica inté mais bonito

quando lembra que fei memo

é se esquecer pelo camim ..


zuba


domingo, 11 de agosto de 2024

outro lugar

"cê sabe que as canções são todas feitas pra você

e vivo porque acredito nesse nosso doido amor

não vê que tá errado

tá errado me querer quando convém

e se eu não tô enganado

acho que você me ama também .. 


o dia amanheceu chovendo

e a saudade me contém

o céu já tá estrelado

e tá cansado de zelar pelo meu bem

vem logo que esse trem já tá na hora

tá na hora de partir

e eu já tô molhado

tô molhado de esperar você aqui ..


amor, eu gosto tanto

eu amo, amo tanto seu olhar

andei por esse mundo 

louco, doido, solto

com sede de amar

igual a um beija-flor

que beija a flor

de flor em flor

eu quis beijar

por isso não demora que a história passa

e pode me levar ..


e eu não quero ir

não posso ir pra lado algum

enquanto não voltar

não quero que isso aqui dentro de mim

vá embora e tome outro lugar


talvez a vida mude

nossa estrada pode se cruzar

amor, meu grande amor

estou sentindo que está chegando

a hora de dormir .."


outro lugar - milton nascimento

reflexiva

ontem participei de um curso muito interessante .. voltado pra discussão do abolicionismo penal.

eu nunca tinha parado pra pensar a fundo nisso. assim como a maioria das pessoas, eu sempre interrompo meu pensamento em: "e se nao for assim, é como?"

e aí foi daora ir adicionando camadas a essa discussão que diz mais sobre nóis do que gostaríamos.

por vezes, imaginando cenários, foi mais facil projetar uma invasão alienígena, mutações genéticas, do que necessariamente admitindo qualquer mudança no humano. convocar a gente pra ser gente é um trem que parece tá dificil demais .. "mais fácil o mundo acabar do que o capitalismo".

e aí, trocando, vamos lembrando que o mundo sendo mundo, nem sempre foi assim.

prisões não existem desde sempre .. antes, outras lógicas conduziam o mundo. e pq agora nao conseguimos nos ver sem isso? é muito doido.

e aí vou pensando em mim e nas lutas que vou topando, porque tem tudo a ver.

eu há mais de um ano tenho lutado muito ativamente pelo SUS em SP, e digo pra vcs .. nao é simples, não é facil. tive perdas .. e sinceramente, não vejo um bom prognóstico. no entanto, sem essa luta teríamos menos certezas ainda. então a resistencia é um aspecto importante nesse processo, ainda que não aponte para caminhos e descobramentos muito concretos.

mas assim .. sinto uma enorme desperança no coletivo.

no micro, no individual, me afeto .. me renovo, me fortaleço .. mas no coletivo? num sei mais onde isso mora. é mesmo cada um por si.

o "vício pela liberdade" .. quando um direito básico vira compulsão justamente porque determinadas populações não conseguem viver essa autonomia. quando a vida, esse trem gigante, fica reduzida dependendo da mão que pega.

enfim .. me sinto forte, feliz por estar na luta, mas ao mesmo tempo profundamente desesperançosa no coletivo.

um vírus .. pense. um vírus! nois ficou mó cota sem poder nem abraçar as pessoas, sair de casa .. podendo ser o hospedeiro da morte de pessoas que amamos .. tudo nos invisivel, na sombra do acaso .. e nem isso mexeu com nois. então assim .. hehe. pra que vou ficar me iludindo?

mas dados de realidade ainda não sao suficientes pra me paralisar nas lutas que acredito. eu seria incapaz de ouvir e testemunhar tanta paiaçada quieta. num consigo .. e é aquele trem .. é junto dos bão que nois fica mió. a luta pelo direito à saúde dá ainda mais sentido à minha vida.

e nesses acaso de luta, na quinta passada, em um ato, sem querer trombei com quinquim. quinquim foi um caso que num foi pra frente pq nao era memo pra ir, mas em uma de nossas ultimas prosa, num gostei do jeito que ele ficou analisando meus jeito de ta no mundo .. e desta vez consegui rebater.

sentamo pra conversar e travei uma luta um pouco mais desimportante: informá-lo que num é pq num somo igual que num tenho o direito de ser diferente. dessa vez, ele entendeu, e firmamo acordo em amizade.

no mais, tenho me sentido pessima .. tenho sido grossa com pessoas que nao merecem e disse em voz alta, e pra outras pessoas, coisas horriveis sobre alguem que nao merecia. foi sem querer .. e agora nem consigo oiar na cara dela. me sinto repugnante.

sinal que tenho que calar minha boca hehehe .. hora de ouvir mais e falar menos.

e vamos lá!

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Uns trem que eu enfio na cabeça



Essa foto sou eu em 2017, ano em que trupiquei com um uberlandense nesses rolê de redes sociais.

Apelidei carinhosamente de acerola, por vezes acelora.

Conversamos muito, ele era galanteador, chei das ideia. Saí pro boteco do momento com minhas prima e ele prometeu de ir. Nunca nos encontramos no “Bar do Jorge”. Anos depois, descobri que ele estava lá .. só num teve coragem de achegar. 

Um trem que nunca foi pra frente porque nois era de outros lado. Eu, mineira perdida em SP. Ele, mineiro achado em Uberlândia. Ficamo suspendido um na rede do oto por muitos e muitos anos, e muita história aconteceu. 

No fim do ano passado, como quem num quer nada, voltamo a prosiá. A vida judiô dum jeito poco educado com ele. Mexeu com o coração da pió maneira, fez tudo que era brincadeira sem graça.

Ainda era acerola, acelora, mas um tanto mais amuado com as reviravolta que a vida dá. O se sentir à vontade continuava ali e se amexia de outros jeito.

Num janeiro qualquer, depois de um diz que me diz, falo: tô indo praí. Com ele já morando em Goiás.

Nos vimos e foi maravioso ver os zoim briando. Ele indo me buscar com a camiseta da sorte dele, toda rasgada. Faz um de cumê que eh uma delícia .. 

Num dia, sentamo na mesa, no alpendre, um de frente po outro, depois de almoçar, e foi uma das conversa mais bonita que já tive.

Primeiro, porque eu senti um trem que nunca senti em toda minha vida. Num era sentimento porque era sensação. Sensação de encontro. Sossego na espera. Calmaria e revolução.

Depois, porque falamo oio no oio .. “que que adianta sentir isso aqui se a gente num sabe o que vai fazer com isso?”. Como quem já estudou todas as matéria de intensidade da vida e soubesse que, pra acertar, às vezes faz preciso recuar.

Só concordei .. e achei bonito ver ele sem pressa. Achei respeitoso comigo, com nois. 

Hoje, brinco com as amiga que já encontrei meu marido. E eu quando grudo um trem nas ideia eh difícil de tirar. Eu tô nova, ainda quero curtir um tanto .. mas já considero o sossego e já sei com quem quero estar quando esse momento chegar.

Se tudo der certo, é com acelora. E ele já sabe disso .. 

zuba 


sábado, 13 de abril de 2024

10/04/2024 - o dia em que fui demitida do SUS

eu gosto de escrevê as dor de barriga que dá no meu coração, e hoje num dava jeito de ser diferente..

enquanto era tirada do SUS justamente por brigar demais por ele, limpando meu armário, encontro essa camiseta em mei a um tanto de foias de casos e discussões passadas. 

eu nem sabia que esse trem tava morando ali dento, como que conversando com minhas pequena revolução cotidiana, nutrindo, sustentando meu corpo nos invisivo de coragens pra seguir lutando e defendendo o que acredito, que é o direito ao acesso a uma saúde que seja pública, política, do povo e para o povo. 

já há algum tempo venho me dedicando a uma militância mais ativa e, por isso, mais arriscada, porque num dou mais conta de confiar soluções a instituições e partidos. 

têm sido meses exaustivos, tendo que trabaiar em casos complexos de saúde mental e em serviços precarizados, com trabaiadores sobrecarregados, sendo atravessada por perseguição e assédio, mas muito bem acompanhada por colegas que reforçam os sentidos dessa luta, que se quer coletiva, estratégica, criativa, sensível, bem humorada, fofoqueira e apaixonada ❤️ 

o SUS, esse trem bonito e que nois adora compartilhar e celebrar, já num cabe mais em discursos e em slogans.

já num é possível proteger o SUS sem se expor, sem dar ao menos o dedim pra radicalidade, sem coletivizar, sem contagiar, sem se arriscar a sentir uns fri na barriga. 

hoje, tudo o que se afasta disso, vai contra o SUS. 

precisamos voltar a nos encantar pela luta, lembrar do por que estamos aqui.. os sentidos e importância do que fazemos enquanto trabalhadores na saúde pública. retomar o que nos trouxe até aqui para pensarmos novos SUS possíveis. 

sem isso, sem SUS. 

num há mais mei do camim .. 

❤️ aqui nois capota, mai num breca .. simbora 🤙


zuba!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

poema pro acerola

 

Vou falar um trem proce ...

Eu tenho mania de espivitamento. Muitas vez que aconteci, foi porque meu coração chegou primeiro. Uma disputa ingrata demais pa quem tem compromisso cos inteiro.

Mai foi num dia acasado que me experimentei dum jeito bem diferente.

O memo impulso que me levou, me devolveu em sintonia. Trem que é bão é sentir leve nos pesado da vida.

Viajando kilometro de ideia e já poco preocupada com rima, meu zói finalmente conheceram oce .. e foi lindo assentar nas experiências de se querer tão bem.

Dali pa frente, tudo era curva. Num tinha mai nada direito. Era desconhecido, mistério e segredo, como quem sussurra po vento qualqué desconfiança deliciosa demais pa ficar abandonada no tempo.

E no fim, foi muito bão sentir que nois inda acontece, e que num há qualquer matéria de vida que escape a emoção ..  que pa sempre vai ter morada nas nossa revolução.

E se falo tanto nimim, é porque dalgum jeito me grudei noce.

Donde é que sai memo as cor que tempera um dia cinzento?

E essa é a pergunta que mais me interessa nessas hora.

Confesso, tenho umas letrinha que se for juntá pa falar doce, vai desenhar uns causo pareado co romântico, mai hoje eu preciso falar de oto tipo de ajuntamento.

Que é o ajuntamento de quem te vê e te admira com zói de carim.

Carim de quem vive no memo tempo, no memo mundo ingrato. No memo relógio e na mema estação. De quem nasce até no memo dia, memo com uns ano atrasado de preguiça. E de quem vive os atropelo da indecisão só porque ta memo muito decidido em nunca se deixar passar.

Acerolinha, se eu pudesse fazer uma música pa resolver os enjuriamento do seu coração, eu bem fazia ..

Se tivesse acorde que te entregasse alegria, eu dediava em tudo que era corda de violão ..

Se eu pudesse inventar qualquer ota modalidade de sossego, eu inté me aventurava nas matemática ou em qualqué ota conta mal resolvida só pa resolver os problema aparecido.

Eu eliminava os X, os Y, esclarecia seno e cosseno. Num dava chance pa qualqué oto grau de equação ..

Se eu pudesse cozinhar as injustiça do mundo, eu me demorava no fogão. Fazia inté fogo cas própria mão, eu que num levo muito jeito com esses trem muito aprumado ..

E isso pode inté parecer uma declaração de amor

Mas, pra hoje, quero que seja mai como um cuidado, ou quem sabe um lembrete ... um recado que aparece no mei duns desenho perdido, ou nas foia amarrotada do seu livro anarquista, que é tão anarqueiro que criô as própria política de sobrevivência.

Quero que te mostre a sua beleza, que é tão, mai tão bonita que impressiona. Que faz os oi briar e viajar entre estados geográficos e da matéria.

Que paralisa, assusta e assombra. Enche de dúvidas as certezas. Acelera sossegos e acalma tudo que é ansiedade. Diminui distancia longa, e alonga os minuto curto, sempre tão gostoso de lembrar.

No fim das conta,eu acho que o que faz colorir um dia cinzento é os jeitim invocado que nois vai dando conta da vida, que é descontrolada, ignorante, burra, ingrata, que judia da gente sem nem mandar bilete

Mas que ainda assim, como quem firma acordo ca própria incompetência, faz caber no memo coração apiquentado tudo que é tipo de poesia ..

Eu num sei o que ce acha disso, mai dependendo da virada do zói é até que bem arrumadim ..


Zuba