segunda-feira, 26 de junho de 2017

o tempo te (des)tempera?


devagar
o tempo transforma tudo em tempo
o ódio
transforma-se em tempo
o amor
transforma-se em tempo
a dor
transforma-se em tempo
os assuntos que julgamos mais profundos
mais impossíveis
mais permanentes
e imutáveis
transformam-se, devagar, em tempo
mas por si só
o tempo não é nada
a idade não é nada
e eternidade não existe

josé luis peixoto


segunda-feira, 12 de junho de 2017

gosto

zédafinha do zodofó


craco .. recortes

é claro que se oce perguntar pra qualquer pessoa que esteja no auge de sua vulnerabilidade se ela prefere ser internada ou reabilitada no território, ela vai optar pela primeira opçao.
sabe por quê?
porque a nossa cultura é do trancamento. não a do tratamento.
e é muito dificil ser reabilitado, na rua, com essa cultura tão impregnada.
a rua é cruel, as pessoas são crueis, a cidade é cruel .. a gente quer fugir de quem quer fugir com a gente (e aí pode substituir por fudê tambem), e nessas é super conveniente que tenha uma instituição, ali, poliglota nas linguage do amor invertido, mas que na real só existe pra suspender pessoas, tira-las do ar, isolar, esconder ..
eu num tô inventando isso. a história e o presente tem uns registro cabuloso de como isso aconteceu e segue acontecendo. o proprio drauzio deve manjar disso, só que deve tá guardado embaixo dos livro de fisiologia e de privilegios dele.
no texto ele fala de hipocrisias. pra mim a maió memo tá no fato de que a mema estrutura que produz o adoecimento também opera cumas força monstra pra tira-lo de vista. porque doença é feio, e pobreza é mais fei ainda .. isso sim é hipocrisia, isso sim é contraditorio, e é isso que sustenta tudo, o resto é banana.
reabilitar no territorio é contracultura.
dá mais trabai, é verdade. tem problemas, limites, num tô dizendo que é tranquilo, pode ser bastante instavel, mas é muito mais eficiente no sentido do combate ao que é estrutural.
mania de esconde-esconde .. brincadeira favorita dum povo aí ..

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nada de novo ocorre no front do senso comum .. a lógica prende e mata segue fazendo aniversário nesse mundo (e inda recebe mais parabéns que muito répi bãrdei por aí ..)
conversar sobre determinados assuntos sempre será um ato de resistencia.
levar outras discussões para espaços não institucionalizados,
essa deve ser a prioridade.
o acesso à informação e ao debate ainda num é escolha .. é privilégio.
hoje nas hora do almoço, num buteco lá nas esquina da sé, os pescucim tavam tudo inventando angulo só pra ver as matéria da cracolandia na tv.
eis que surgiu um homi duns 50 anos .. ele chegou com o combo clássico "regime militar que era bão feat. cê é muito novinha, ainda vai mudar de ideia".
nessas nois sorri, mostra argumento, conversa e desconversa, mas no fim diz que vô não! e vô não porque daqui 25 anos nóis quer continuar acreditando que num é mais humana e nem mió que ninguém ..
a gente até ri, mas ri de nervoso porque num concordamo.
mas depois acaba que nois ri de novo, ri de alegria porque conversamo.
o fato é que apertamo as mão e saímo dali chei de nuvidade ..
nosso mal é num conversar cas pessoa ..

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mais uma vez obrigada pelo carim de sempre! acho pertinente seu comentário, pois ele é bem ilustrativo de como a sociedade em geral entende e discute boa parte das questões levantadas sobre a 'cracolandia' e as pessoas que estão por lá.

em resposta, posso dizer que o amor ajuda muito, mas que caridade não basta. existem direitos humanos básicos e eles devem ser reconhecidos. as pessoas precisam se apropriar de seus direitos, especialmente as oprimidas. direitos não devem valer só pra brancos e pra pessoas que têm imóveis na 'cracolandia'.

dito isso, reafirmo que sigo somando nesses movimentos porque não acredito na internação compulsória. eu tive o privilegio de estudar o tema e de ver, na pratica, como a internação é uma resposta por vezes insuficiente e como ela pode se configurar potencialmente enquanto um instrumento que visa, unicamente, tirar das vistas corpos que não são 'agradáveis', que 'dão trabalho' e que são, sobretudo, prejudiciais à logica do sistema hegemonico de produção-consumo.

mas a grande questão é que não são só corpos que precisam duma boa ducha, comidinha e trabalho. os corpos que estavam lá (e que agora estão a alguns metros dali) são vidas que historicamente sempre tiveram menos recursos pra se sustentar frente a situações mais complexas. e digo que, com ou sem partido político por trás, não podemos seguir ignorando essa condição que faz com que a vida seja possível só para alguns. na real, acho que muitas vezes - pra algumas pessoas - o argumento de apartidarismo tá mais pra escudo do que pra justificativa. num é mesmo fácil se mobilizar frente a estruturas tão sólidas.

mas bem, como alternativa às internações e paralelo a essas ongs a que ocê se refere, muitos estudos sérios e políticas publicas foram desenvolvidas, especialmente no brasil. pode num parecer, mas nois é até que muito bão nisso .. embora os cortes $$ inviabilizem muuuuito o trabalho. mas enfim, existe aqui uma rede de atenção psicossocial que, de modo geral, se mostra muito competente e que coloca vários profissionais pra trabalharem de forma articulada visando a reabilitação desses usuários no território. mas é assim, escancarado, na rua, na nossa cara, tudo junto e misturado, em sociedade, e não trancafiados.

no entanto, vale ressaltar que em casos mais extremos a internação é acionada, porém de forma muito mais dialogada, ao contrário do que o dória e o alckmin têm feito e que a maior parte da população tá achando é bão.

é muito desafiadora essa proposta de reabilitar no territorio, tem limites e fragilidades, mas é muito mais humana e eficiente no sentido de que mexe com muitas estruturas e provoca, em especial, os limites da sociedade, já que faz com que muitos questionamentos e incomodos sejam disparados. o que é daora, porque possibilita uma caminhada contrária a essa lógica secular de trancamento que mais adoece do que trata.

bão, é um assunto complexo e eu peço desculpas pelo textão :-p mas é que acho que ele pode valer pra mais alguém que tenha as mesmas dúvidas que voce. é minha opinião, não é a verdade, mas sempre vale outra perspectiva, ainda mais qndo a que se tem predominante é a mais cruel possível.

dia municipal do reggae - SP

sete horas por dia, vinte e quatro dias por semana .. a cidade e suas intensidades.

acordei e o mundo ja tava era acordado .. oce viu que os homi tacaram fogo na praça? num tem jeito, esquecero memo de virar os século na pagina.

é aquele tipo de nutiça que te dá gastura, trupico, agonia e inté memo istrumbilia. tudo que é apelido de trem que dá na gente .. e aí vem aquela vontade de fechá os zói e só engolir os tempero.

às vezes eu acho que é pimenta demais pra poco oio. 
já faz tanto tempo e é nada de novo na historia do povo ..

mas, mais uma vez, a rua é protagonista.
essa é danada pra dar resposta ..

oiando a vida no centro da cidade, senti tudo que é certeza espremida. oce pode num acreditar, mas o presente tá vivo e tambem constroi coisas lindas.

esses dia eu tava lendo um tuga que fala da sociologia das ausencias e das emergencias. ele diz dum jeitim lá que desde que o mundo é mundo a gente é doutrinado pra boicotar várias existencias.

nois esconde o mundo do mundo.
e o grande misterio é estar sensível ao que ninguém vê ..

a boca do mundo é grande, mas a do povo é maior ainda.
otima semana pa nois e obrigada e todos os sorrisos que regaram o dia de hoje!

zuba.
bjim